Na
maciota
Ajustes
simples no percurso, postura e volume podem ajudá-lo a afastar as lesões.
Correr pode ser o jeito mais
rápido, revigorante e divertido de entrar e ficar em forma. Portanto, é
duplamente frustrante quando você é atingido por dores, desconfortos ou lesões.
Pegar mais leve — no terreno, na passada e nas distâncias percorridas — pode ajudá-lo
a permanecer saudável. Na corrida, seu corpo absorve cerca de 3 vezes seu peso
corporal a cada passada. Então, a maneira mais eficiente de reduzir as lesões
pode ser diminuir esse impacto.
Vá para o fofo
Se terrenos mais macios provocam menos
lesões — e em que medida isso acontece —, essa é uma questão debatida entre
cientistas do esporte: os estudos são poucos, inconclusivos e conflitantes. Um
complicador é que a resposta pode depender de sua passada, tipo de pé, peso,
volume semanal, histórico de lesões, tênis que usa e outros fatores. Ainda
assim, muitos treinadores e corredores de elite acreditam que o tipo de terreno
faz diferença. Durante décadas, a elite da corrida privilegiou o máximo
possível o esporte na terra, na grama e na areia em detrimento do asfalto e do
concreto.
Metade do meu volume de treino é fora do
asfalto, em trilhas e gramados", diz Lauren Fleshman, atleta americana dos
5 000 metros em trilhas. "Existe uma diferença notável na intensidade do
impacto que sinto na terra em comparação com o asfalto, especialmente no
quadríceps e nos pés." Lauren conta que isso faz com que ela se recupere
mais rápido. "Além das vantagens de uma superfície mais macia, trilhas
estão em terrenos variados, o que faz com que você mude constantemente o
comprimento e a direção da passada", afirma Erika Lindland, fisioterapeuta
americana especialista em corrida. "Essas mudanças de padrão reduzem a
pressão nos músculos e no tecido conjuntivo, o que melhora a recuperação e
ainda ameniza o risco de lesão", diz Erika.
Isso não significa que você tem que
abandonar o asfalto e só correr em trilhas. Tente incluir alguns quilômetros
por semana em terra batida ou grama. As superfícies irregulares diversificam a
pressão nos pés e no corpo, são mais desafiadoras e possibilitam que você se
recupere mais depressa entre os treinos. Se você tem equilíbrio ruim, tendência
a torções no tornozelo ou lesão no tendão calcâneo, evite superfícies muito
irregulares e grama fofa.
Corrida suave
Quando você toca o solo, o impacto irradia
pelos músculos, ligamentos, tendões e tecido conjuntivo desde os pés até os
quadris. "Amaciar" sua pisada pode diminuir o "tranco" de
cada aterrissagem, segundo Chris Johnson, treinador de corrida e personal
trainer em Boston (EUA).
Johnson incentiva os corredores a
consultar um treinador antes de mudar a postura na corrida, mas fala que há
peque-nos ajustes que são seguros e simples de fazer por conta própria.
Primeiro, tente dar impulso empurrando o dedão do pé, com o pé embaixo ou um
pouco atrás dos quadris. "Isso dispersa a força com mais eficiência pelo
corpo todo", afirma ele. "Pense no impulso como um movimento de alavanca,
empurrando o chão para trás enquanto você se lança para frente."
Outro ajuste fácil é correr com uma leve
inclinação do corpo à frente. "Correr com a postura ereta obriga você a
aterrissar com o peso nos calcanhares", diz o treinador. Um estudo publicado
este ano pelo American College of Sports Medicine descobriu que corredores que
aterrissam com o calcanhar têm quase duas vezes mais lesões por estresse
repetitivo do que quem pisa primeiro com a parte da frente do pé. "Mas
mantenha o tronco reto e não incline mais que alguns graus para a frente — no
máximo 10, ou vai limitar a habilidade de ampliar sua passada", explica
Johnson.
Balance os braços paralelamente ao corpo
(nunca os cruze na frente do tronco), com as mãos posicionadas entre os quadris
e o peito. "Balançar demais os braços resulta em uma rotação dos quadris e
das pernas que pode causar pronação excessiva", diz. E, nas descidas,
resista à tentação de alongar a passada e "frear" com os calcanhares.
"Corra como se estivesse pedalando uma bicicleta em vez de bater com os
calcanhares no chão."
Corra menos
Para aqueles que só gostam de correr, a
triste verdade é que correr mais nem sempre é o melhor. A única maneira
certeira de diminuir seu risco de lesão é reduzir sua quilometragem, de acordo
com uma revisão de 2010 de estudos sobre lesões na corrida. "Maiores
distâncias percorridas são o fator que tem maior relação com a frequência de
lesões na corrida", diz Bert Fields, médico do esporte e corredor de
Greensboro, nos Estados Unidos. "Parece que a maioria dos corredores pode
percorrer com segurança 65 km por semana, o que está de bom tamanho para boa
parte dos atletas amadores. Mas, a menos que sejam biomecanicamente perfeitos,
o perigo de lesão aumenta quando ultrapassam esse volume.
Atividades sem impacto como corrida na
água (deep running), ciclismo e transport (treinos no aparelho elíptico da
academia) garantem quase todos os benefícios da corrida, do condicionamento
aeróbico à queima calórica. Você usa os músculos solicitados na corrida, embora
de um jeito um pouco diferente, e pode até simular um treino de velocidade.
Atividades como caminhadas em ladeira também eliminam parte do impacto. E
atividades para o corpo todo, como natação e musculação, o deixam forte por
inteiro. O melhor de tudo? Você vai se sentir ainda mais estimulado nos dias em
que for correr.